Pacote do governo para energia não trata de energia
O pacote anunciado para o setor elétrico mostrou que o governo está “totalmente desorientado”, sem saber o que fazer na avaliação de Adriano Pires, consultor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, um dos entrevistados do programa da Mirian Leitão na Globonews. Com ele e com a meteorologista Patrícia Diehl Madeira, diretora do Climatempo, falaram sobre a crise energética, a situação dos reservatórios, o risco de racionamento e chuvas – a falta delas piora ainda mais as coisas.
Adriano destaca que nenhuma medida anunciada trata, na verdade, de energia. Nenhuma ação no sentido de mobilizar a sociedade para poupá-la. Ele diz que continuamos com uma agenda muito política para resolver os problemas do setor.
Pires explicou que quase todas as usinas térmicas – e de todo tipo - estão sendo usadas - a gás e a diesel, por exemplo. Mas ele lembra que elas foram construídas para operar de vez em quando, não 24 horas por dia, todos os dias do ano. E que elas têm que parar para manutenção preventiva.
Adriano acha que as chances de racionamento este ano são grandes. Comentou que os analistas do setor dizem que o risco já está em 24%, sendo que o governo trabalha, normalmente, com 5%. Mas acha que o governo vai sempre negar isso, porque a palavra racionamento é vista como um palavrão.
Esta semana, foi anunciada uma fórmula para socorrer as distribuidoras de energia. A solução vai significar mais gasto público, impostos e empréstimo. Depois, tudo vai ser repassado ao contribuinte na conta de luz, mas só depois das eleições. Ao todo, serão mobilizados R$ 21 bi somente este ano para cobrir a diferença entre o custo da energia e o preço cobrado. Uma parte do problema é o clima; a outra, a administração da crise que está piorando tudo.
Patrícia confirmou a informação que este é um ano crítico, com a pior hidrologia desde 1931. Foram pelo menos 50 dias de bloqueio atmosférico; frentes frias não conseguiam entrar. Ela disse que é muito atípico que janeiro não tenha chuva e que só tivemos um evento de chuva naquele mês; foi pior, portanto, que 2001, ano do racionamento. E a especialista acha que não há muita chance de melhora nos próximos meses.
Dados da ONS mostram que o nível dos reservatórios do Sudeste e Centro Oeste está em 35,69%. Até meados de abril, quando termina o período de chuvas, o nível deve subir um pouco, segundo Patrícia, mas não tanto quanto gostaríamos. Apesar de estar prevista a entrada do El Niño no fim de 2014, a expectativa não é de muita chuva para este ano, de acordo com a especialista.
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