Socorro! Deveria ser a
palavra de ordem em Brasília. A presidente Dilma e sua equipe econômica estão
mais perdidos do que cego em tiroteio: não sabem se correm se ficam ou se
procuram algum buraco para se esconderem da crise.
Vejamos alguns exemplos.
Dois meses depois de defender o projeto que muda o cálculo da dívida dos
estados e municípios, o governo voltou atrás e colocou a ideia no congelador.
Sobre os aeroportos, foram anos criticando as privatizações feitas pelo então
presidente Fenando Henrique. Na sexta-feira 22/ 11/ 2013, o leilão do Galeão e
de Confins foi comemorado. Ao longo de meses, após a presidente Dilma assumir o
comando do Brasil, os juros foram caindo lentamente, pela vontade da presidente
de igualar as taxas do Brasil com as do resto do mundo. Após uma queda acentuada
voltaram a subir com o aumento da inflação e já está chegando aos níveis
anteriores.
Quem acompanha
atentamente a condução da política econômica percebe o vai e vem das ideias do
governo. Há vários exemplos. Durante muito tempo o real forte foi o culpado
pelos fracos resultados da indústria. Seria só desvalorizar a moeda para que a
produção reagisse. Em um passado não muito distante, a expressão da moda era
“guerra cambial”. O real desvalorizou, mas a indústria continua patinando e a
inflação subiu. O Banco Central, dia sim, outro também, vende dólares no mercado
para segurar a cotação da moeda americana.
As regras para as
concessões das ferrovias já mudaram várias vezes e depois de mais de um ano
nenhum leilão foi realizado. A malha atual está velha e mal utilizada. Nos
portos, a confusão é tão grande que os executivos do setor têm dificuldade de
entender e explicar as regras. Nos aeroportos, foi tanto tempo perdido que as
concessões não vão promover grandes mudanças para a Copa do Mundo. Apenas cinco
aeroportos foram a leilão até agora.
O Banco Central diz
que a meta oficial de inflação é 4,5%. Mas a presidente Dilma afirma em seu
Twitter que é 6,5%. Passa a considerar como meta a margem de tolerância de dois
pontos para cima. Como o IPCA ainda não viu o centro, 4,5%, na atual gestão do
BC, fica a impressão de que a autoridade monetária está menos ambiciosa em
relação ao controle dos preços.
Às vezes,
contradições acontecem no mesmo dia, como se viu na quarta-feira. Houve recuo
na ideia de mudar retroativamente o indexador da dívida dos estados. Mas, logo
depois, o Congresso alterou, com o apoio da base governista, a LDO que
desobriga a União de compensar o superávit primário de estados e municípios. Na
primeira medida, sinalização de controle das contas públicas. Na segunda,
afrouxamento.
Com o mundo ainda
em crise e tendo, em 2013, o crescimento mais baixo dos últimos anos, tudo que
o país não precisa é criar novos problemas e incertezas internamente. Isso tem
aumentado muito o risco de um rebaixamento da nota de crédito do governo, o que
tornaria o cenário mais difícil e complexo para os empresários e todos nós.
O Brasil é um país muito complicado e difícil de ser entendido pelos
economistas estrangeiros. Nos país que mantém os juros baixos entre 1 e 3%,
eles fazem exatamente o contrário do que faz o Brasil, juros baixos para manter
inflação sempre baixa. Juros mais altos estão vindos por ai. Nos próximos dias
o Banco Central de elevar a selic que pode chegar a 10%. Será a sexta alta
seguida em poucos meses.