- Treinador quer dar fim a concentração dos jogadores em algumas partidas do Brasileiro. Quer resgatar a vocação ofensiva e a recuperação da hegemonia perdida para a Europa são ideais defendidos por ele para o futebol brasileiro.
- Temperamento calmo e discurso ponderado convivem em harmonia com os gritos para que o time seja fiel ao que foi treinado.
O baiano Cristóvão Borges é um homem mudado. A calma característica do temperamento das pessoas daquela cidade do Nordeste ficou de vez no passado, como a atuação de coadjuvante à beira do campo. Entre o desafio do Brasileiro que começa sábado para o Fluminense, e a hora apropriada para um maior reconhecimento na carreira aos 54 anos, ele vê a necessidade urgente de pôr em prática ideias inovadoras, como o fim da concentração do jogadores, a profissionalização dos árbitros, o resgaste da escola ofensiva brasileira e a recuperação da posição de protagonista do futebol do mundial, perdida para os europeus.
Ao entrar nas Laranjeiras há duas semanas, Cristóvão lembrou do amigo Ricardo Gomes. Foi ele quem abriu as portas do clube, em sua primeira passagem como auxiliar, em 2004, e da carreira, em 2011, ao antecedê-lo no Vasco. Pouca coisa mudou, a não ser pelo fato de que, naquele ano, o Brasil ainda era o detentor do título mundial, conquistado dois anos antes. Daquele dia em diante, ele passou a estudar mais o futebol e concluiu que o país só vai avançar se mudar totalmente os rumos dos times dentro e fora dos campos.
— Estamos atrasados em relação à Europa. Não disse estagnado, porque acho um exagero. Mas eles ultrapassaram a gente, porque sempre tiveram disciplina tática e desenvolveram a qualidade técnica e o improviso, que sempre foram as nossas peculiaridades. Precisamos nos organizar para avançar — disse Cristóvão.
Seguir os passos da Europa para voltar a ser brasileiro não seria o caminho, segundo Cristóvão. Apesar de achar que imitá-los não tornará os times do Brasil autênticos, o treinador pretende importar uma ideia original dos europeus: o fim da concentração.
— Mas isto não pode acontecer como compensação, só quando o clube passa por dificuldades e os jogadores pressionam. Tem que ser cultural. Penso em reduzir o período de concentração em alguns jogos, não todos, porque penso que isso passa por uma amadurecimento do grupo. E os jogadores do Fluminense têm nível intelectual para isto — declarou o treinador.
Inteligência e convívio democrático.
Para lidar com jogadores considerados por ele inteligentes, Cristóvão tenta ampliar o debate além das peculiaridades do cotidiano do futebol. Apesar da afeição ao bate-papo e estar sempre receptivo às ideias, o treinador estabelece um convívio democrático sem perder o comando.
— Não pense que sou calmo o tempo todo. Eu grito, brigo, porque é para o bem do time. Fico nervoso quando eles não fazem alguma situação em campo que foi discutida à exaustão — explicou Cristóvão.
Para que o time não se deixe afetar pela pressão de ter que ir além de suas forças para provar o merecimento pela permanência na Série A, Cristóvão irá conversar com o jogadores antes do jogo de sábado, com o Figueirense, no Maracanã.
— Ninguém quer viver pressionado o tempo inteiro. Eles estavam balançados e insatisfeitos, e isso é positivo para a reação. Todos ficarão do nosso lado quando o Fluminense jogar da maneira que queremos — disse o treinador.
A maneira que Cristóvão pretende ver o time jogar é levemente inspirada nos grandes da Europa:
— Só podemos reproduzir as centelhas dos times com o Bayern de Munique e Barcelona, porque temos nossa própria escola. O que podemos fazer é trabalhar para o Fluminense jogar bonito e alcançar os resultados.
Pobreza de espetáculo
Sobre a escassez de público nos estádios, Cristóvão acredita que haverá um retorno se os times jogarem bem, encantarem seus torcedores.
— O calendário brasileiro torna o espetáculo pobre, e ninguém quer pagar para ver um espetáculo pobre. Tem que melhorar este calendário, dar um tempo de trinta dias para a pré-temporada. Só assim competiremos em alto nível — afirmou.
Metódico sem ser repetitivo em sua filosofia de trabalho, o treinador procura dar uma cara ofensiva para o Fluminense, algo que seja o mais próximo possível da vocação que ele percebeu nos times do passado. Em um campeonato no qual todos se enfrentam, fica impossível criar um esquema surpreendente. A não ser que haja privacidade para treinar:
— Existem jogos em que precisamos fazer algo diferente e a chance de surpreender o adversário é mínima. Então, vamos tirar alguns treinos das Laranjeiras para termos privacidade. Se houver necessidade de fazer um treino fechado, eu farei.
Diante dos últimos erros de arbitragem e da falha na escalação da Portuguesa na escalação de Héverton, que beneficiou o Fluminense em 2013, Cristóvão pede a profissionalização em todos os sentidos.
— Não se poder ter em todo jogo um erro de arbitragem e o profissionalismo é o caminho. Montar uma equipe de ponta custa caro e isso não pode ir pelo ralo no apito do juiz — declarou.
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